Bacafá

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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

As fantasias.


Carlos Henrique Schroeder sempre impressiona. E me impressiona porque inova, porque, de alguma maneira, se reinventa como escritor. É a sensação que tenho, na qualidade de não-especialista ou não-crítico de literatura. As fantasias eletivas trazem esse ar de inovação nessa história de vai e vem entre o porteiro de hotel Renê e o travesti Copi, uma relação improvável, com um quê de drama.

Vencedor de vários prêmios, agitador cultural no bom sentido, criador de vários festivais e feiras, escritor inovador, dele o livro que mais gostei foi Ensaio no vazio, um verdadeiro soco no estômago.

De As fantasias... escolhi alguns excertos:

"A vida é uma coleção de derrotas e vitórias emocionais que se empilhavam atrás do ego."

"Nos permitimos exibir nossos carros, a porra desses tijolões, os celulares, mas temos vergonha de fazer um carinho, dar um beijo prolongado na nossa companhia em plena rua. É o claro isolamento do afeto, do toque, do gesto. É uma espécie de ausência que torna todas as ruas de todas as cidades um pouco fantasmas, já que deixaram de ser o palco das expressões humanas para ser apenas um trajeto."

"No fim
é só o fim."

"Escrever não é divino, é humano, é triste. É uma criança numa piscina de bolinhas: a criança não sabe por que está lá: gosta, fica, brinca, é divertido. (...). Nenhuma criança quer morar numa piscina de bolinhas: é um lugar de felicidade transitória, de alguns momentos iluminados, que depois se tornam sombrios."

Relendo esses trechos, lembrei de uma Ciranda Cultural promovida pela Biblioteca Municipal de Jaraguá do Sul cujo escritor convidado foi o Schroeder. Ali ele contou que o objetivo do escritor é buscar escrever o livro perfeito, e que nunca está completamente satisfeito com o que escreve. E que o próximo terá que ser melhor.

É um pouco a vida isso, não?

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