Bacafá

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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O mistério das estradas.

Essa semana havia separado material para falar dos magistrados que sofrem crise de juizite e das eventuais truculências de alguns policiais militares. Entretanto, como tive que fazer uma audiência no sul do Estado, lembrei de um assunto que há tempos me incomoda e optei por tratar dele primeiramente. Os outros dois assuntos ficarão para as próximas semanas.

Minha indignação (lembrando o bom e velho Stephanie Hessel) se inicia com o pedágio na BR 101, na altura de Santo Amaro da Imperatriz. É o pedágio mais extraordinário que deve existir no Brasil. Talvez no mundo.

Paga-se para se ter acesso à parte sul da BR 101 de Santa Catarina. Ou melhor, paga-se para se ter acesso a nada. As estradas estão em fase de duplicação (quase eterna) e há desvios dos mais variados tipos. Pouca iluminação, muita sujeira e muitos buracos. Trechos e trevos confusos e as tragédias por aquelas plagas só não são maiores provavelmente por questão de sorte.

Fiquei pensando nessa viagem – como em todas as outras, principalmente quando, nesse último verão, perdi horas nos congestionamentos ao longo da via – para onde vai o meu pobre e suado dinheiro? Sim, porque além das moedas deixadas lá no posto do pedágio, ainda pago IPVA todo ano, ICMS na compra do carro e em cada vez que abasteço o tanque do bólido, CIDE e sei lá mais quantos tributos diretos e indiretos.

O mínimo que eu e todos os motoristas e cidadãos desse país, contribuintes compulsórios desta alta carga tributária federal, estadual e municipal merecemos, neste caso, são pistas decentes, adequadas e seguras. E o que vemos? Pedágios para crateras e congestionamentos.

Outro exemplo é a nossa BR 280. Quando pensávamos que as coisas começariam a desenvolver, que finalmente teríamos o início de uma duplicação, que teríamos a atenção dos nossos governantes, a coisa degringolou. Descobriram um esquema (mais um!) nas licitações do sistema de estradas do país. E queremos simplesmente uma estrada que dê vazão à demanda de veículos da região. E que não seja uma via de mortes contínuas. Nem é muito o que queremos. É relativamente simples. Ou deveria ser para um governo.

Nisso me vem outra pergunta: para que, cargas d’água, elegemos nossos deputados e senadores?

Vem e vão nossos eleitos, para cá e para lá, muitas vezes de helicóptero, já que estão acima do bem ou do mal (ou pensam que estão), e não nos trazem soluções. Promessas, apenas promessas. Dois senadores, por exemplo, passaram por aqui recentemente e nada de novo disseram. Além de promessas.

Sei lá, estou meio cansado de promessas, desses políticos de carteirinha que não fazem nada mudar, das pessoas morrendo nessas estradas, dos empresários perdendo dinheiro por conta de falta de estrutura e dos empregados deixando de ter melhores condições ante a conjuntura.

Por sorte, nosso estado é geograficamente maravilhoso. Ora eu olhava para o mar e as dunas a minha esquerda; ora para as montanhas com diversos tons de verde à direta. E de vez em quando eu esquecia das mazelas das nossas estradas, governos, governantes e legisladores.

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