Bacafá

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sexta-feira, 8 de abril de 2011

A difícil arte da colaboração e uma proposta.

Colaborar, segundo os dicionários, significa cooperar, ajudar, entre outros verbetes mais específicos. Cooperar, muitas vezes, pode significar simplesmente não atrapalhar.

Ocorre, entretanto, que cada vez mais as pessoas estão cada vez menos dispostas a colaborar. Vou utilizar o exemplo de apenas dois lugares onde a difícil arte da colaboração está em extinção: no condomínio e no trânsito.

Desde que me conheço por gente moro em apartamento e, consequentemente, em condomínio. Sempre aprendi, com meus pais, que para uma boa convivência com os vizinhos é muito importante respeitar. Aquela velha história de “respeitar para ser respeitado”. É inegável, assim, que quem mora em um condomínio abdica de alguns privilégios que quem mora em casa possui. Todavia, morar em apartamento não é nada de outro mundo. Hoje moro em um apartamento e trabalho em um escritório que também fica em um prédio em condomínio.

Pois bem. Em que pese a esmerada dedicação dos síndicos e ambos os condomínios, para certas pessoas a difícil arte da colaboração é ainda mais difícil. Quase impossível. Vou me ater a exemplos bobos.

Onde eu moro os condôminos não podem levar amigos para a piscina, salvo muito claras exceções. Infelizmente há aqueles – normalmente adolescentes ou jovens – que não só desrespeitam as regras, como desacatam o zelador e ainda se escondem (apesar de não serem crianças) nas costas dos pais. Há, também, aqueles que acham que a sacada dos outros ou o pátio do prédio são cinzeiros. Os que mais sofrem, nesses casos, são os moradores do primeiro andar, que normalmente têm um espaço maior.

No prédio em que trabalho foram aplicados, nas portas que dão acesso às garagens, adesivos com os seguintes dizeres: “Favor manter a porta fechada”. Absolutamente simples e compreensível. Mas, acreditem, não é incomum encontrar tais portas escancaradas. O adesivo não é pequeno e nem está escondido. E, ainda assim, há aqueles que simplesmente não colaboram.

No trânsito todo mundo já viu: cruzamentos bloqueados porque o “desconhecedor da arte de colaborar” simplesmente não pode esperar o trânsito fluir para depois encostar no veículo da frente. Filas nas ruas transversais porque ninguém da via principal dá passagem para se entrar no fluxo. Pedestres esperando mais do que precisariam para atravessar na faixa. Pedestres atravessando nos lugares mais impróprios com uma faixa ou um semáforo a cinco metros de distância. Veículos estacionados em frente a hidrantes.

Fico tentando imaginar o porquê de tanta falta de cooperação. Nesses tempos modernos, creio que as pessoas estão muito ensimesmadas. Ou simplesmente porque não levam vantagem (direta) alguma em fazer a coisa certa e simples.

As pessoas no dia-a-dia, de maneira geral, não prestam mais atenção aos outros se não tiverem algum interesse nisso; não se preocupam em colaborar com o coletivo, embora vivam falando do aquecimento global, da falta de água no futuro, da miséria no mundo, dos interesses econômicos das guerras e da corrupção entre os políticos.

As pessoas sequer conversam com seus vizinhos como se fazia há não muito tempo. Muitas vezes nem seus nomes sabem.

A PROPOSTA.

Antigamente (ou nem tanto), muitas pessoas chegavam do trabalho, pegavam uma cadeira e sentavam na calçada para conversar, tanto com os familiares quanto com os vizinhos. Não se vê mais isso. Hoje as pessoas chegam em casa, sentam no sofá e ligam a televisão. Ninguém mais conversa.

Assim, sem qualquer pretensão de mudar o mundo, mas com a intenção de transformar Jaraguá do Sul faço uma proposta.

Vamos instituir em Jaraguá do Sul o “Dia da cadeira na calçada”. Vamos todos para as ruas para conversar sobre a difícil arte da colaboração e sobre qualquer outro assunto que nos apeteça. Vamos olhar nos olhos das pessoas em vez de vidramos na frente de uma tela de computador ou de televisão.

Sugiro o dia 20 de novembro às 18 horas para esse evento nas calçadas. Convido as escolas, as faculdades, os diretórios estudantis, as associações de moradores, de classe e empresariais para se unirem a essa ideia e a divulgarem.

A proposta está lançada e aceito sugestões, opiniões e críticas.

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